terça-feira, dezembro 05, 2006

agora simmmmm!!!!

galera, ai vai um conto novinho em folha, favor dar sugestões, chingar, mandar a pqp, etc... pod até criticar!
bjos
MELANCOLIA

Durante uma tarde de novembro, no limiar da primavera de Porto Alegre, a polícia e os para-médicos concentram-se em frente ao edifício Augusta, na Protásio. O transito interrompido pela gravidade da situação, e as pessoas concentrando-se ao redor do local, olhando para cima, em direção a sacada do apartamento 77, onde um jovem aparentando não mais que 26 anos encontra-se sobre o parapeito, pronto para atirar-se.

A polícia tenta um diálogo através do megafone, mas ele nem se move. Próximo a porta o zelador responde as perguntas do investigador, comentando que o som que vem do apartamento está muito alto, e que ele já telefonou para a garota que mora com ele, a alguns minutos.

Dentro de um táxi, a moça tenta apressar o motorista, ela não sabe exatamente o que está acontecendo, o zelador não contou, apenas chamou-a com urgência. O motorista explica que a rua está bloqueada, e a garota se desespera, começa a telefonar para o apartamento, porém ninguém atende. No celular o silencio é o mesmo.

O policial começa a fazer afirmações de coragem, e a tentar conversar com o garoto, sem causar grandes choques, enquanto que um psicólogo chega em um carro blindado. O jovem continua a ignorá-lo, apenas olha para o horizonte, sem preocupar-se com a altura do sétimo andar, e que se ele cair o colchão que o espera é de asfalto e concreto.

O táxi se aproxima e a garota grita para ele parar, entrega o dinheiro abre a porta e sai correndo, atravessa a multidão de curiosos, enquanto o sol bate no rosto do rapaz e começa a ofuscar-lhe a visão. O zelador a recebe com uma feição preocupada, mas ela nem olha para ele, apenas entra no prédio, subindo as escadas na maior velocidade que pode, e é nessas horas que ela ganha sua maior força.

Na porta do 77 uma música triste muito alta, ela abre a porta com cuidado e entra devagar para não assusta-lo, caminha até o rádio e baixa o volume, ele volta-se para ela. O apartamento é um JK não muito grande, quase que um quarto de hotel bem equipado, a sacada é grande pelo fato de o prédio ser antigo, a decoração é simples e bastante neutra, eles moram lá faz três anos.

Lá embaixo o psicólogo se preocupa olhando atento para cima, enquanto que o rapaz está se virando para dentro do prédio. A imprensa concentra-se na porta, fotografando e fazendo perguntas aos moradores do edifício. Uma senhora que mora no apartamento acima comenta que encontra eles às vezes, na escada e que eles são um pouco estranhos, vestidos sempre de preto, mas que eram pacatos e simpáticos, além de parecer se gostarem muito.

Dentro do apartamento ela fecha a porta com cuidado, e se aproxima da sacada chamando-o pelo nome: Miguehl. Ele a olha com a feição dolorida e lágrimas nos olhos. Ela já não tem o que falar, apenas se aproxima, fitando os olhos azuis dele com firmeza. Estendendo a mão para ele que segura com firmeza enquanto a ajuda a subir no parapeito.

Na rua o clima tenso aumenta, agora serão mais dois corpos se resolverem se atirar, ou se caírem. Os jornalistas entrevistam o zelador, que responde as perguntas nervoso, afirma que eles sempre foram tranqüilos, que não costumam fazer barulho, que trabalham bastante e quase não falam com ninguém no prédio, conta que quando os conheceu questionou um casamento tão jovem, afinal ela com 23 anos e ele com 25, mas eles disseram que foi uma decisão acertada e que já estavam juntos a 4 anos.

Fazem um casal bonito os dois, conta a vizinha da frente, parece que ele trabalha como DJ em alguma casa da cidade e ela tem dois empregos, um como fotógrafa e o outro como designer. O psicólogo fala ao megafone, pede para que eles pensem na vida e desistam. Ela pede calma ao psicólogo e gesticula que vai conversar com Miguehl. O psicólogo aguarda.

Miguehl começa a fita-la, e pede para que ela nunca vá embora. Ela o olha com ternura e aperta mais sua mão, olha para o horizonte e inspira profundamente. O policial já tem as informações que ele precisa, o nome do garoto é Miguehl Gardolline, tem 25 anos e é natural de Santa Maria e trabalha como DJ em casas noturnas da cidade. Ela é Sarah Vishyztein Gardolline, tem 23 anos e trabalha como fotógrafa e disigner, é natural de Porto Alegre.

Sarah fita Miguehl e pede para que ele desista se não ela vai pular com ele. Ele pede que ela não o faça, pois não sabe se eles vão se encontrar depois. Ela pergunta para ele porque, e Miguehl diz que se sente muito triste e não consegue evitar, que quando ela está longe ele tem vontades estranhas e que não consegue controlar, ela diz que o ama e que vai ficar tudo bem.

O sol começa a sumir e o resgate cobra uma resposta de Sarah, ela não olha para baixo. A polícia ameaça a entrar no prédio se eles não descerem em vinte minutos e ela tenta uma última vez.

Miguehl a observa com olhar devoto, admirando-a como se fosse a última vez, realmente é apaixonado por ela, até para respirar ao seu lado dói. Sarah pede a ele mais uma noite, só mais uma, e depois ele decide, mas ela precisa de mais 24 horas ao lado dele. Ele aceita e desce para a sacada, ajudando-a descer.

Lá embaixo o pessoal aplaude enquanto que a escuridão e a polícia ajuda a despersar os curiosos. Do apartamento Sarah joga um bilhete ao pessoal do resgate comunicando que está tudo bem e agradecendo a atenção, e dizendo que vai esperar até amanhã para encaminhar Miguehl a um médico. O resgate dá-se por satisfeito e vai embora, desbloqueando o transito.

Dentro do JK ela segura Miguehl pela mão levando-o para a cama, faz ele sentar e o abraça com carinho, enquanto alisa seus cabelos compridos e negros, beija-o e aperta-o contra o peito pronunciando calmamente e muito baixo que o ama e que a tempos não sentia tanto medo. Ele diz o mesmo apertando-se mais ainda contra ela. Ele segura o rosto dela com firmeza enquanto olha nos olhos azuis dela e pede que ela não vá nunca.

Desliza suas mão pelos ombros dela fazendo-a sentar em seu colo, com as mão dadas eles apenas se olham em silencio, admiram-se sem fazer barulho algum, apenas respiram o mesmo ar no mesmo ritmo, sentem-se gelados, não sei se de medo ou de frio. Beijam-se e acariciam-se a noite toda, fazendo promessas e juras, apenas com o som que sai de seus corpos, sem pensarem no acontecido, sem questionarem suas vidas, apenas vivem, e sentem um ao outro.

Manhã seguinte de novembro, confusão em frente ao edifício Augusta, a polícia e o resgate já estão no local, os curiosos se amontoam para ver o que está acontecendo e o carro do DML está chegando. O dia está quente. É preciso retirar logo os corpos, são dois, um casal, parece que se atiraram do sétimo andar, mais precisamente do JK 77.

A garota tinha apenas 23 anos e o menino 25, trabalhavam, moravam juntos fazia quatro anos, e em Porto Alegre apenas três. Cometeram suicídio durante a madrugada, ninguém os escutou, como sempre. A polícia arrombou a porta do quarto para eliminar qualquer outra hipótese, no quarto nem álcool nem drogas, apenas um maço de mentolados vazio e um cinzeiro cheio.

A cama estava feita, e o apartamento arrumado e limpo. Na secretária eletrônica nenhuma mensagem, só solicitações da imprensa para entrevistas sobre o dia anterior. Um buquê de lírios sobre a mesa da sala e um cartão que falava de um enterro, e pedia carinhosamente para colocar as flores no túmulo assim que o encontrasse morto.

Uma curiosa aponta para os corpos e diz em tom surpreso que os dois estão de mãos dadas. Para os dois isso jamais seria surpresa. Ninguém viu nada, nem mesmo um bêbado que dormia na sarjeta, eles continuaram discretos mesmo para morrer. Das mãos entrelaçadas conclui-se que se jogaram juntos e sem medo. Tudo o que queriam era eternizar-se diante do nada, apenas para manterem-se juntos no infinito. Se conseguiram, ninguém nunca voltou para dizer, mas foi neste tom que os jornais noticiaram o suicídio.

O caso suscitou várias matérias e discussões sobre a depressão, suas causas e conseqüências em todos os lugares da cidade. A juventude se perguntava. A terceira idade também. O que levou estes jovens a tomar esta atitude tão extrema? Qual era a saída para eles?

Sarah jamais deixaria Miguel morrer sozinho, ela perderia tudo o que tinha se ele se fosse e muito provavelmente se atiraria da própria sacada, então porque não faze-lo com seu amante?

Mais tarde descobriu-se várias overdoses de Miguel na adolescência, entre os 17 e 20 anos. E os pulsos de Sarah estavam marcados por suas tentativas de suicídio aos 16 anos. Mas isto não foi para os jornais, afinal a história fica muito mais bonita sem causas e sem manchas, apenas como um suicídio semelhante a Romeu e Julieta, puro e simplesmente passional.

E o pior de tudo é que eles se sentiam tão tristes, naquela madrugada de novembro, no apartamento 77 do edifício Augusta.

5 comentários:

Fernanda Berger disse...

Mito legal!! adorei...um suspense daqueles e com final feliz(?)...

Anônimo disse...

Muito bom mesmo!!
Tirando que algumas vezes tive que ler duas ou três (vírgulas, please!), é uma estória boa. Lembrou o que vinha lendo no último mês.
Só a última frase, achei que ficou meio deslocada. E pensei que o jornais iriam reportar as overdoses e os pulsos; afinal, o Donna gosta de romance e o caderno geral de tragédias!hehehe

Miho disse...

nao, os jornais publicaram a tragedia e esqueceram, como todos fazem quando não se interessam!!!

Márcio disse...

achei que ficaria um pouco água com açucar, mas gostei bastante do final... ficou muito bom, meio desconoxo pelo fato de não se saber o porquê da morte, e pra mim essa é a melhor parte!

da onde veio essa idéia?!

beijinhos minha cara!

pêésse... nem te preocupar em avisar quando tiver escrito algo, olho pelo menos uma vez por semana nas minhas andanças pelos blogs, mas de qualquer jeito obrigado pelo aviso!!! =]

Anônimo disse...

achei triste!

mas tu escreve bem! continua que eu vou ler sempre!!