quinta-feira, julho 26, 2007

O ACIDENTE

Acordei naquela manhã estranha, sentindo-me igualmente estranha. Meus olhos semicerrados pelo sol que batia no meu rosto viam uma perturbação surreal. O barulho dos carros e de um alarme que estava ligado haviam me acordado bruscamente. Estou dentro do meu carro, mas não vejo onde exatamente estou. Me pergundo de que forma vim parar aqui, dentro do meu carro, pois a última coisa que me lembro é de sair de um restaurante japonês na noite anterior.
Pondo a mão na minha testa, percebo um líquido espalhado sobre meu rosto, é sangue, eu sei após olhar a minha mão direita suja. Mas porque eu não sinto dor, porque eu não sinto nada. Ainda confusa, forçei meu sinto de segurança para poder sair do carro. Abri a porta com dificuldade, e saí. O alarme que toca sem parar é o meu alarme. O barulho de carros é o barulho da rodoviária. Olhei ao meu redor, muitas pessoas estavam surpresas em me ver. Minha roupa havia se rasgado um pouco na batida, pelo menos era o que parecia, eu bati no prédio da rodoviária, logo após passar pelo túnel e por baixo da passarela.
Olhei para o meu carro, ele estava destruído, mas como eu não morri? Minha cabeça ainda estava confusa, mas meu coração sabia, o biscoito da sorte do restaurante estava certo, minha vida nunca mais seria a mesma, não depois daquela noite. Tinha um homem sobre o meu carro, um cara morto, será que eu o atropelei? Não acredito, sou boa motorista, nunca tomei uma multa, nada, quase impossível eu ter dormido e atropelado uma pessoa, ainda mais naquela hora da madrugada, a hora que eu saí do restaurante.
O rapaz estava de camiseta vermelha e calça jeans, olhei para ele, virei e vomitei de cócoras, droga, não era possível eu ter feito aquilo, logo agora que minha vida estava estável e intocadamente perfeita. Virei para olha-lo novamente, na busca de respostas para aquilo que havia acontecido, o homem era novo, e tinha um papel na mão... sem pensar muito peguei o papel e coloquei no bolso, eu sabia que a polícia iria chegar, então eles não me mostrariam nada do homem, eu sabia que era uma chance de eu lembrar de tudo.
continua...